domingo, 1 de fevereiro de 2009

filosofando até cair os cabelos.......

Sempre discuti preconceito com minha família e meus amigos, é um assunto intrigante e que, de certa forma, nunca me desceu muito bem! Sem dúvida é um traço marcante da "não evolução" espiritual do homem. Não dá para entender como, com tanta evolução tecnológica por últimos 50 anos, preconceito,ainda exista...

Nunca, na minha história regressa, fui vítima de preconceito. Uma menina normal, que de "diferente" da massa, conviveu e sobreviveu sendo sempre a mais alta da turma, tá…. Alguns apelidos e piadinhas que nunca foram pedras no meu sapato.

Agora, estou em uma situação diferente. Tenho uma doença que, dez entre dez pessoas morrem de medo. Que só de pronunciar o nome estremece dez entre dez colunas vertebrais. O vilão que não poupa ricos ou pobres, pretos ou brancos, bonitos ou feios, altos ou baixos….Ainda assim, não sei se a melhor palavra para definir o sentimento das pessoas quando falo o que eu tenho é na maior parte o “preconceito”, acho mais complexo que isto e quando isto estiver bem formulado, dedico um tópico especial.

Mas, o que mais faz com que os olhos se voltem para nós, pacientes em tratamento quimioterápico, é a careca. Meu cabelo não caiu completamente com a quimio. Está curtíssimo e com falhas. Decidi deixar assim já que (incrivelmente) muitos cabelos novos estão nascendo e os velhos estão crescendo. Mas, mesmo assim, noto os olhares das pessoas em cima da minha careca, dos meus lenços.

O fato mais curioso e que me fez sentir na pele o PRECONCEITO, foi alguns dias atrás quando estava em uma loja lendo jornal, cheio de pessoas por perto, uma garotinha começou a apontar para mim e dizer “ela é careca”, agi como se não fosse comigo, mas, todos começaram a olhar e ela começou mesmo a gritar e apontar. Fiquei muito constrangida e comecei a rir, o clima ficou pesado, a mãe, em vez de fazer algo, explicar ou repreender, riu também. Mantive o salto, mas, escutei comentários sobre o acontecido, repliquei que era apenas uma criança, mas, no fundo senti nojo pela atitude da criança e principalmente da mãe.

Bem, já falei em outro tópico sobre nossas carecas ( http://hodgkineuconheoestecara.blogspot.com/2008/12/cabelo-cabeleira-cabeludo-descabelada.html ) e também postei fotos minhas, com coisas bem humoradas na cabeça http://hodgkineuconheoestecara.blogspot.com/2009/01/sobre-cabea-qualquer-coisa-no-rosto.html e até parece um assunto recorrente neste blog, mas, não tenho culpa se para nós: É DAS CARECAS QUE ELES GOSTAM MAIS…. rs.








Então, quem não se lembra da Demi Moore (2) linda, provando sua força no filme Questão de Honra, careca. Da atriz Sigourney Weaver (3) mega corajosa lutando contra o Alien no espaço, careca. Ainda, tem a Natalie Portman (4) que se viu livre das madeixas para atuar no filme V de vingança e a Sienna Miller (7) que fez o mesmo para atuar em Camille.

E ainda no Brasil, foi marcante na novela Laços de Família, em mais um merchandising social global, a cena da atriz Carolina Dieckmann (1), raspando seus cabelos aos prantos ao som da música sentimentalóide "Love By Grace", bem, pessoalmente, ceninha que contribuiu muito para este medo coletivo da “careca”!
E tem as que exibiram sua careca por causas nobres como Patrícia Pillar no tratamento de um câncer de mama (5) e as que assumiram suas carecas como uma questão de atitude: a mega roqueira e guitarista Joan Miller (6) e a cantora irlandesa Sinéad O’Connor (8).




Vivem fazendo simulações sobre como seriam celebridades famosas carecas e existe até a brincadeira “fulana ficaria bonita até careca”. Existe até um site, onde é possível fazer esta simulação (http://www.worth1000.com/galleries.asp?rel=Bald+Celebrities&displa) e lhes digo que Angelina Jolie pode escolher ficar careca de olhos fechados…rs.



Ah, é, têm os homens, Jack Nicholson no filme Antes de Partir; Daniel Day-Lewis, Samuel L. JAckson; Bruce Willis; Raul Cortez, Kevin Spacey, Ronaldinho…





Mas, apesar de ter Lex Luthor, como o careca do mal mais famoso, como não lembrar dos carecas que falam de paz, bondade e felicidade como: Betinho, Gandhi e Dalai Lama...



E para terminar….. tem aqueles carecas que nos tiram risadas. ( Cebolinha, palhaço Carequinha, Homer, Et, Shrek, Mestre dos Magos, Charlie Brown).

Risadas, não do mau gosto, de se rir na crueldade humana….Mas, risadas pueris, destas que nos fazem esquecer a mesquinhez e lembrar que vale a pena continuar lutando, vivendo…....

Como diz a minha "filosofa materna": cabelo, vichi... cabelo é o de menos....

10 comentários:

Encontrando Dr. Hodgkin disse...

Amei, Rê!

Seu bom humor para falar de um assunto tão delicado é magnífico!

Parabéns!

Renata (impermeável a) disse...

vou publicar um comentário de um amigo...... ele me passou por msn, mas, achei que este comentário ficaria bem aqui... para todos pensarem..... assim como ele me fez pensar:


"....mas... acho en vc, dentro teu, demasiada furia menina

e nao gostei de que fiques brava da menina ou da mae tamben, por que? porque elas estan vivendo seu mundo como vc estaba antes de ter esta merda de enfermedade, entao nao podes discriminar, elas so moran num mundo globalizado e igual, ya nem é como cuando nos conhecimos faz 15 anos Re, o Brasil era o Brasil e Argentina a Argentina, agora é tudo igual, tem shoppings lá, aqui, praias con os mesmos hoteles.... todo... a gente escuta a mesma musica, se viste igual... todo mudou olhos bonitos


E que tem que ver esta explicacion con vc? so que ficaste brava de alguem que riu pq vc riu e por uma menina que so falou de teu cabelo e claro que esta bem que fale de teu cabelo! vc era diferente do que o mundo vende! menina, faz 1 ano atras vc era uma deusa de cabelo longo que desejanban todos os homems ou esqueces disso Re? vc tamben estaba "no mundo"... so que...

A gente é como é, os amigos sao assim e te aman siempre, eu te amo siempre, so que eu aprendi que os amigos estan en diversas formas, nao há que ser tao exigente nem esperar exactamente o que umo deseja

Eu adoraria morar perto e poder estar con vos...e todo assim, mais ou menos, tudos temos nossas coisas e vc sabe bem disso, e como a menina com a mae elas moran no seu mundo e tchau... nao há que analizar tanto nem tudos deben saber o que acontece com umo...

Cuando ficamos mal todos vamos correndo na Igreja, mas cuando somos superman e todo esta perfecto e ganhamos todo, nem lembramos de nada ne Re? adoro que comenzaste a ser feliz e dançar no ultimo de tu blog pq isso é o que importa, rir! comer algo delicioso, vir un dia a Bs As e decir para mim so isso é o que importa, os momentos


so há que tentar ter mais momentos legais que chatos, nada mais, e adoro tua forza e actitud, mas nao fiques brava com o mundo Renata de mi corazon

beijos

Ezequiel

Hegli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hegli disse...

Sabe Re, pensei muito lendo esse texto e pensei se o caso era mesmo de preconceito... mas lendo e pesquisando, percebi que todos somos vitimas e algozes de algum tipo de preconceito em algum momento de nossa vida. Penso eu que vc se sentiu atingida pela criança, assim como outras pessoas em diferentes situações se sentiram assim tb. Em uma escola que eu trabalhei uma garotinha de 4 anos não encostava em uma funcionária negra porque dizia que "não queria se sujar de marrom"... enfim, gostei muito deste texto que diz que "Cruéis são todos os preconceitos" . Depois me fala no msn o que achou. Beijão!
Cruéis são todos os preconceitos - Luiz Maia

O preconceito é uma forma enviesada de se perceber o outro. Tal sentimento reside no homem e pode eliminar sonhos e inibir vidas. É lamentável perceber que o preconceito se manifesta em todo ser humano, em graus variados. Em alguns casos funciona como estratégia de defesa a algo que não lhe convém. Em outros, como forma de desrespeito às diferenças e às minorias. O preconceito parte de quem se sente incomodado, como quando se antipatiza com alguém por sua religião, raça, nacionalidade, opção sexual, nível social, etc. Isso leva à discriminação que não é outra coisa senão a prática da exclusão. Quem nessa vida já não foi alvo de algum tipo de preconceito? Quem não se lembra de ter rejeitado, algum dia, o comportamento de alguém ou mesmo algo que lhe incomodasse? Todos podemos nos ver aí, mesmo que em esporádicos momentos de nossas vidas. Para que melhor possamos entender como nascem os preconceitos, precisamos refletir sobre as influências externas que sofremos e que absorvemos como condutas naturais.

Renata (impermeável a) disse...

seleçao natural?

Unknown disse...

Uma das coisas mais difíceis no tratamento foi quando o cabelo começou a cair...
tentei usar uma peruca, mas não consegui.
Assumi a carequice! andava por todos os lados carecas...
as pessoas olhavam torto, algumas achavam que eu era punk e tinha cortado o cabelo por vontade própria.
Me acostumei com os olhares. O preconceito existe, mas tb tem um olhar de força:
"nossa que menina corajosa, doente, mas enfrentando, saindo pra dançar, ir no cinema...não sei se no lugar dela faria o mesmo!"

Beijo
Letícia

Anônimo disse...

renata, só havia lido seu outro blog. e agora me deparo devorando este aqui. muito interessante e sensível a tua proposta. parabéns pela iniciativa.

Renata (impermeável a) disse...

obrigada...


a iniciativa é libertadora, nunca foi tao importante falar sobre o que sinto......

Anônimo disse...

Cabelo é o de menos prá quem quem os seus no devido lugar! Antes de começar minha químio dizia a mesma coisa e olha que quando o bicho pegou me sentia a última das mulheres.
Adorei tuas palavras e odiei também a mãe daquela menina mal educada que começou a rir. A ignorância gera o preconceito.
Vou passar o endereço do teu blog prá uma amiga que teve hodgkin.
Se não te importares gostaria de colocar o teu blog nos meus preferidos.
bjkas

Renata (impermeável a) disse...

oi... Pugdog, bem vindo e venha outras vezes....
Não me importo em estar entre seus favoritas!

Só não consigo entrar no seu...