sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Em Curitiba, a liberdade!

Curitiba é uma cidade linda! Não que esteja sendo bairrista porque é a capital do meu estado, mesmo porque em questões culturais e climáticas, a região que moro é mais próxima do interior de São Paulo do que do sul do pais, mas, é linda mesmo!

O cuidado de todos com as construções, com os jardins, com a grama, com as praças, com os prédios antigos, a limpeza e asseio com tudo por onde você olha é encantador! A cidade nos diz quando vamos lá: “bem-vindos a nossa casa”! Tudo é uma extensão da casa do curitibano!

Foi lá, que fotografei este amanhecer lindíssimo, que depois de dias de frio intenso e céu cinzento a cidade me presenteou.
Nesta minha ida a Curitiba vivi uma mistura de tensão, medo e encantamento pelo poder dos bons sinais e fluidos. A vida tem sido assim, tal qual um “marido malandro”: me bate, me deixa tensa, mas, faz uma lei de compensações: e me manda sinais maravilhosos de que vale a pena viver cada segundo desta vida louca e que não temos nenhum controle.

Fui visitar a casa dos curitibanos para fazer o PET-CT, seria o exame de 1 ano longe das quimios, mas, com a espera para a nova lei dos planos de saúde ( que o PET-CT é procedimento coberto pelos planos no caso de câncer no pulmão e linfomas) e mais liberação, escolha de data para não atrapalhar o trabalho…, acabou que fiz o exame no início de Agosto.

Entrei com o pedido junto a UNIMED com uma guia normal, com uma justificativa da doutora e com a última tomografia , que ainda mostrava imagens cicatriciais. Em três dias eles liberaram o exame, só que não poderia fazer no AC Camargo (onde fiz os outros dois pet-ct) porque a UNIMED Paraná não tem convénio com este hospital de alta complexidade. Queria tanto ir a São Paulo, porque adorei o atendimento do hospital, porque é um exame comparativo e porque sou apaixonada por sampa e qualquer passagem por lá é um acontecimento!!!!

Lá fui eu para Curitiba. O lugar que fiz o exame é um dos 2 lugares no sul do pais a realizar este exame, CETAC ( http://www.cetac.com.br/ ) e fiquei impressionada com o atendimento! Nestas minhas andanças médicas por aí, por aqui, posso afirmar seguramente que nunca fui tão bem tratada e paparicada! Até titubeei para tomar o “diazepan” antes do exame, porque afinal sou uma “ garota forte” e estava sozinha na linda Curitiba. Que nada, me entreguei ao “relaxume diazepiano” e dormi, dormi no friozinho de Curitiba com uma coberta louca de fofa, se bobear, ainda ronquei! Que vergonha…. Dormi também dentro da máquina, enquanto imaginava o feixe de luz da cura por todos os meus órgãos. Sempre é assim: penso em tudo de bom que aconteceu e penso na CURA. CURA. CURA. CURA. CURAAAAAAAA.

Saí do exame relaxada, mas, apreensiva. O médico me fez umas perguntinhas estranhas e terminou com um “ fique calma”. Como assim? Tenho motivo então para não ficar calma???? Aquilo martelou, martelou na minha cabeça. Mas, a vida é assim… é curta e precisa ser sugada e aproveitada e Curitiba linda estava inteira ali e eu ainda aproveitei dela.

Para quem já passou por uma doença destas e que está na estrada da remissão total, sabe o que é a tensão que precede os exames, a tensão de esperar os resultados . Sabe que, é uma tosse que não sara, ai a doença. Uma dor no peito inexplicável, ai a doença. Coçeirinha no corpo, ai a doença. Ouvido entupido pela água do banho, ai a doença. Estava assim 2 semanas antes de fazer o exame. E por mais que sei que isto sempre acontece antes de fazer as revisões ainda me assusto, ainda fico tensa, ainda sinto medo.

E alguém me pergunta, mas, Renata você não tem fé na sua cura? Fé em Deus? Sim, tenho. Mas, sou humana. Sei que os planos de Deus são diferentes que os nossos e tenho fé na cura, mas, racionalmente sei que descobri a doença em um estágio bem avançado e que precisava deglutir com cautela uma reincidiva, por outro lado, racionalmente, sinto meu corpo inteiro, minha disposição, minhas bochechas coradas e minhas feições antigas de volta.

Mas, o resultado chegou e rasguei a embalagem como doida e doida pulei e gritei e chorei por mais uma negativa da doença no meu corpo. Sim, as imagens da tomo são cicatriciais e não existe atividade metabólica anormal em meu corpo.

Somente uma frase, que me traz de volta a vida.

1 ano e 5 meses depois do término de 8 ciclos de ABVD para a cura de um Linfoma de Hodgkin em estágio IVB estou limpa, o que significa? Longe deste primeiro ano, o risco de uma reincidiva para este estágio diminuem muito e mesmo que existir uma reincidiva fora do prazo de um ano demonstra uma doença menos agressiva, sendo assim, com uma resposta melhor ao tratamento.
Sinto-me enfim, livre. Neste 1 ano por mais que tocasse minha vida, por mais que tentasse reagir com normalidade, a sombra da doença me fazia ser cautelosa, apreensiva. Mas, 1 ano e 5 meses limpa…. É liberdade!

Curitiba, linda… Agradeço pela acolhida, pela maneira perfeccionista que, que assim como os seus habitantes cuidam de você, das suas vidas, cuidaram de mim. Agradeço pelo amanhecer maravilhoso e por todos os sinais incríveis que me foram enviados em seu solo de que estava protegida e acompanhada pela luz do Espírito Santo e pronta para viver a vida plenamente…


No último sábado, comemoramos o casamento da minha irmãzinha. Nossa caçulinha… Foi tão lindo e eu que tive tanto medo de estragar a festa… Posto uma foto minha com minha mãe . Vejam meu cabelo como esta enorme! Como minhas bochechas estão coradas e como existe vida em meus olhosssssss!!!!!!! Em ? Em? Não to bonitona, em???? Em????

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