(Fiquei chateada com todos os médicos que passei, a maneira como desdenham a medicina, fazendo da profissão apenas uma fonte de renda para seus passeios a Europa. Não sabia como externar esta minha indignação, então, mandei cartas para todos que passei, falando do meu diagnóstico, os lembrando como me trataram e ressaltando o juramento que fizeram ao se tornar médicos, nenhum me deu retorno, mesmo assim me senti muito bem os informando, talvez para próximos pacientes estejam mais atentos)
Até que surgiu o fatídico carocinho no pescoço e fui para a “dotora”. “Coçeira e caroço, linfona!”. Ela não me poupou. Em alguns momentos foi cruel, sendo direta e franca, até por saber que eu era uma profissional da área da saúde e poderia entender de uma maneira completa o processo saúde e doença. Nunca passou a mão na minha cabeça. Foi rápida no diagnóstico e rápida para que começássemos o tratamento e sem rodeios ao dizer minhas chances e ainda me desafiou “vamos ver se você vai ser daquelas que vencem esta doença”! Quando refazia os exames, sempre fria e realista. Nem um chameginho, para quem queria escutar uma notícia do seu interesse.
Nesta última consulta, ao entrar no consultório, ela soltou um incrível: “Nossa, como você está bonita!” e uma outra frase que fez a alegria desta que escreve: “Seu tratamento correu maravilhosamente bem, você está ótima e estou convencida que as quimios foram eficientes e definitivas”!
Mais ou menos com estas palavras, na sua maneira realista de ser, ela me deixou otimista e muitíssimo feliz, porque, no final das contas, sempre reclamei da maneira distante dela, mas, me redimi reconhecendo o quão importante foi sempre me manter ciente, informada e realista frente a doença, o colo e o impulso para seguir adiante certa que tudo iria terminar bem, veio da minha família, dos meus amigos, por isto, quando ela me diz que “tudo esta bem”, sei que “tudo está bem”, ela não está falando isto para que eu fique calma.
Assim, já se passaram 18 dias da última quimio, me sinto ótima, ótima e ótima! A sensação de cansaço aos poucos vai de diluindo, o inchaço também, ainda sinto falta de sono e dores nas articulações, mas, já comecei caminhadas leves e recuperando minhas forças, ter a vida de “doente”, começa a incomodar profundamente, a vontade de retomar planos e fazer mudanças na vida estão pulsando na pele e no coração e o desejo de sair por aí livre é grande!
Na semana que vem, faço a petcan, fico mentalizando milhares de vezes ao dia a “dotora” olhando o resultado e me dando a boa notícia. QUAL SERÁ A PRIMEIRA COISA QUE VOU FAZER???